Gilda Moura: As abduções e o despertar da consciência
Os abduzidos passam por um processo tão intenso de mudanças comportamentais e genéticas, que é possível concluir que levam a uma transformação radical de consciência
A entrevistada teve seu interesse desperto para os mistérios do universo bem cedo, abraçando a parapsicologia e as idéias sobre a existência de outros mundos habitados. Seu encontro mais direto e decisivo com o tema, entretanto, aconteceu mais tarde, quando seus familiares tiveram um contato próximo com um disco voador na região de Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro. Com o passar do tempo e muita dedicação, a psicóloga clínica Gilda Moura acabou se envolvendo com a Ufologia e passou a usar seus conhecimentos profissionais para auxiliar as investigações da eterna ufóloga Irene Granchi, a grande matriarca da Ufologia Brasileira. Assim, foi responsável pela realização de inúmeras hipnoses regressivas em abduzidos, como também lhes ajudou a eliminar o trauma inicial vivenciado em suas experiências.
A qualidade das pesquisas de Gilda Moura na área foram progressivamente destacando seu nome no Brasil e até no exterior, tornando-a conhecida como uma das principais investigadoras de abduções do planeta, recebendo elogios e declarações de reconhecimento inclusive do psiquiatra norte-americano John Mack, professor da consagrada Universidade de Harvard e ícone da Ufologia Mundial, hoje falecido, com quem partilhou conhecimentos, pesquisas e até uma experiência de contato na Amazônia.
Estados alterados da consciência
Gilda Moura foi co-diretora, com a Fundação Kairos, da Universidade de Illinois, em Chicago, de um estudo de seis anos sobre estados alterados da consciência e mapeamento cerebral, pesquisando quatro grupos no Brasil: contatados e abduzidos, cirurgiões paranormais, médiuns e integrantes da seita de Santo Daime. Os resultados deste trabalho foram publicados em revistas científicas dos Estados Unidos, Portugal e agora no Brasil. Esta foi uma investigação totalmente inédita, que acabou revelando que os abduzidos possuem um padrão de atividade cerebral particular. Gilda foi ainda palestrante na Conferência de Estudos de Abdução, realizado no prestigiado Massachusetts Institute of Technology (MIT), em 1996, e realizou inúmeras viagens de estudos e trabalhos, apresentando-se em congressos no Brasil, Estados Unidos, Argentina, Chile e Portugal.
A entrevistada é autora dos livros UFO: Contato Alienígena [Nova Era, 1992], O Rio Subterrâneo [Record e Nova Era, 1999] e Transformadores de Consciência [Editora do Conhecimento e Nova Era, 1996 e 2009], fundamentais para aqueles que querem entender um pouco sobre a realidade das abduções e tudo que envolve tal processo. É consultora científica do Centro Transdisciplinar de Estudos da Consciência (CTEC), da Universidade Fernando Pessoa, em Porto, Portugal, e fundadora da Associação Portuguesa de Hipnose Clínica Experimental e da Associação Luso-Brasileira de Psicologia Transpessoal. Consultora da Revista UFO há anos, teve a experiência e coragem necessárias para enfrentar aqueles que ainda questionam o Fenômeno UFO. “Na maioria das vezes, tal ceticismo se dá por total desconhecimento do assunto ou das potencialidades do tema como uma valiosa ferramenta para a busca das grandes respostas para aquilo que chamamos de abdução”, diz.
Gilda faz parte de um grupo cada vez mais numeroso de cientistas que já perceberam que estamos diante de um fenômeno profundamente transformador, não só nos aspectos psíquicos, mentais e de consciência, mas também no nível genético. Para ela, o Fenômeno UFO está longe de ser algo opressor e negativo, por mais que alguns insistam nisso. Sua experiência como investigadora, cientista e ainda como protagonista direta de várias ocorrências, revela isto. Igualmente, está longe de negligenciar o aspecto holístico relacionado à presença dessas naves e seus tripulantes. Assim, o leitor está tendo a oportunidade de conhecer o pensamento de uma pesquisadora cujo trabalho resultou em tremendo progresso para a Ufologia Brasileira, através desta esclarecedora entrevista, que contou com a participação da mestre de cerimônias da Revista UFO, Rachel Coutinho.
Quando e como começou seu despertar para a existência de outros mundos habitados e para a possibilidade de estarmos em contato com extraterrestres?
Desde criança tinha atração por tudo o que fosse misterioso. Na adolescência comecei a me interessar por fenômenos paranormais e chegava a sair do colégio interno para assistir palestras do padre Quevedo. Achava muito natural que outros planetas pudessem ser habitados, tanto que meu herói predileto era o Super Homem, e lia todas as revistinhas. Só mais tarde, quando ocorreu o fato que descrevo no meu livro O Rio Subterrâneo, que fui me interessar pela possibilidade de estarmos sendo visitados. Em 1970, eu estava em um sítio na Estrada de Adrianópolis, no município de Nova Iguaçu (RJ), quando minha filha chegou de carro, junto com outros familiares, buzinando e gritando porque todos haviam visto um objeto pousado a um metro do solo, a cerca de um quilômetro dali. Era verão, cerca de 18h30, e eles puderam ver o formato e as luzes do UFO. O caso está registrado também no livro da professora Irene Granchi, UFOs e Abduções no Brasil [Novo Milênio, 1992]. O mesmo objeto também foi avistado sobre o Aeroporto do Galeão, no dia seguinte, 13 de dezembro de 1970. A partir daí passei a me interessar pelo fenômeno mais objetivamente. Mas, apesar de imaginar a possibilidade de vida extraplanetária e mundos habitados, não acreditava nem aceitava os estudos desenvolvidos pelos ufólogos. Só na década de 80, quando assisti a uma palestra de Jaime Lauda no Rio de Janeiro [Consultor da Revista UFO], considerei o trabalho sério e interessante de ser conhecido e examinado.
Você vê alguma incompatibilidade entre a ciência e a aceitação da presença de seres extraterrestres em nosso meio?
Pessoalmente, não. Os cientistas, principalmente físicos e astrofísicos mais avançados, normalmente também não vêem. Entretanto, aceitar o fenômeno e querer investigá-lo são duas coisas diferentes. Nossa ciência parte do paradigma de que fenômenos que não podem ser mensurados são difíceis de ser estudados. Na verdade, o ser humano em geral tem dificuldades em aceitar o desconhecido. Creio que só quando o fato se tornar incontestável, os cientistas se interessarão pelo assunto. Ou seja, o tema ainda é tabu nas instituições acadêmicas. Na Universidade de Harvard, após a avaliação do trabalho do doutor John Mack sobre as abduções, foi sugerido a ele aplicar uma abordagem multidisciplinar nesse estudo, incluindo a participação de vários cientistas. Então, na primavera de 1999, constituiu-se o Grupo de Estudos de Experiências Anômalas [Anomalous Experience Study Group, AESG], que era composto de 23 cientistas, sendo seis médicos psiquiatras, seis psicólogos, dois religiosos. Havia também filósofos, antropólogos, astrônomos, etnologistas, um físico e seis abduzidos.
Isso é fascinante e revelador. Conte-nos detalhes das atividades do AESG, por favor.
Sim, foi muito interessante. Entre as questões levantadas e debatidas por esses cientistas durante os dois dias de estudos, eu ressaltaria várias. Primeiro, como se pode estudar um fenômeno assim e que ciência conhecida pela experiência humana seria necessária para tal? Os integrantes do grupo também ponderavam como a ontologia e a visão de mundo afetavam a percepção e o estudo destas “anomalias” – como eram chamadas as abduções – e que tipo de fenômeno era esse, afinal. Outra perspectiva levantada dizia respeito à possível relação dos seqüestros com outras anomalias humanas e sociais, e houve também um debate importante sobre os limites entre ciência e espiritualidade, em que se tratou de novas modalidades de conhecimentos científicos e religiosos. Os cientistas estavam interessados em saber que tipo de fobias o termo “estado alterado de consciência” criaria para esse estudo e qual seria a relação entre a realidade objetiva e subjetiva das abduções. E questionavam se seria necessário aceitar a existência de outras dimensões de realidade, como alguns cientistas acreditam – tal como o astronauta Edgar Mitchell, da Apollo 14 –, ou se bastaria estender a ciência para outros domínios.
Como você conheceu o trabalho e depois conviveu com o doutor John Mack, o famoso psiquiatra de Harvard?
Tomei conhecimento, pela internet, de que iria ocorrer a Conferência de Estudos de Abdução, no Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Boston, e mandei minha investigação para avaliação. Dias depois, o doutor David Pritchard, físico do MIT e organizador do evento, respondeu e disse que gostaria da minha colaboração para sua realização. Preparei-me muito para aquilo, aproveitando a oportunidade de mostrar o trabalho que tinha acabado de concluir, exposto em meu primeiro livro UFO: Contato Alienígena [Nova Era, 1992]. Na época, com a colaboração de Irene Granchi e do co-editor da Revista UFO Claudeir Covo, preparei duas conferências para o congresso, um resumo dos principais casos brasileiros de abdução, pesquisados por outros investigadores até aquele momento, e o meu próprio trabalho. No evento fui apresentada ao doutor John Mack e, para surpresa dele e minha, só nós dois havíamos chegado à conclusão de que havia uma relação entre a expansão da consciência e o Fenômeno UFO. Foi a partir daí que passei a conhecer seu trabalho e, como meu filho morava em Boston, tive a oportunidade de conviver com ele no Programa de Pesquisas sobre Experiências Extraordinárias [Program for Extraordinary Experience Research, PEER], realizando pesquisas, participando de grupos de apoio a abduzidos e de palestras que lá ocorriam.
Foi assim que se tornaram mais próximos e parceiros de pesquisas?
Sim. Como tínhamos idéias semelhantes, nos tornamos amigos e colaboradores. Depois, com a vinda dele ao Brasil, realizei uma recepção em São Paulo, com ajuda de colegas, à qual muitos ufólogos compareceram. Assim, os laços foram se estreitando. Fui muito convidada pelo doutor Mack para reuniões, almoços, jantares e palestras, assim como pelo doutor David Pritchard, e me tornei muito amiga de sua esposa, Andrea Pritchard, editora dos anais da Conferência de Estudos de Abdução.
Estimo que esses laços de amizade foram substanciais para você e suas pesquisas. Como encarou os desafios iminentes?
Este convívio em Boston foi essencial ao desenvolvimento do me trabalho com abduzidos e principalmente no entendimento dos mapeamentos cerebrais que eu e o doutor Norman Don, neurocientista da Universidade de Illinois, havíamos executado anos antes no Brasil. Uma visão mais profunda e amplos questionamentos científicos proporcionados por este convívio me ajudaram a encarar a abdução como um fato que realmente estava acontecendo no mundo inteiro. Eu pensava apenas no Brasil, mas esta linha de conclusão quanto à transformação da consciência, proporcionada pela troca de informações com os cientistas de Boston, ajudaram-me a compreender melhor o fenômeno. Igualmente, o fato de a abdução ser considerada nos EUA como inerente não apenas ao nosso mundo físico, mas a outros níveis de realidade, interpenetrando-se de muitos modos, foi importante para que eu abordasse o “aspecto energético” dos casos como uma possibilidade real. Minha posição era de que estaríamos lidando com questões não mensuráveis da realidade. Nosso trabalho, meu e do doutor Norman Don, de mapeamento cerebral de 24 abduzidos no Brasil [Topographic Brain Mapping, Don & Moura, 1997], foi considerado como a primeira tentativa de se obter um marcador ou uma “assinatura psicofisiológica” do fenômeno no cérebro dos abduzidos. O resultado foi apresentado no Grupo de Estudos de Experiências Anômalas, e em suas conclusões foi recomendado dar prosseguimento a esta linha de investigação. Como não temos meios de investigar o aspecto não visível das ocorrências de forma científica, podemos mensurá-lo na sua manifestação física.
Em sua opinião, o que levou o doutor Mack a desenvolver uma visão mais aprofundada e transcendente do Fenômeno UFO?
Antes de começar a investigar o fenômeno, ele, assim como eu, passou por uma experiência pessoal de grande impacto em sua consciência. Depois, o convívio com os abduzidos, suas informações, mensagens, energias e, principalmente, a evolução positiva do processo o ajudou a interpretá-lo de maneira mais profunda e transcendente. Só pesquisando os casos, sem regredir hipnoticamente os abduzidos, não se chega a isso. O evento é traumático e libera uma enorme emoção e energia, que atingem o investigador, se ele não estiver preparado. No PEER, os primeiros auxiliares do doutor John Mack sofreram muito com isso. Esta emoção, quando liberada, obrigava-nos a trabalhar nossos próprios traumas e medos. Só após esta transformação é que conseguimos ter uma visão mais abrangente da realidade.
Como vocês puderam lidar com fatores tão íntimos, e ao mesmo tempo marcantes, mantendo a imparcialidade da investigação?
Para isso, tanto eu quanto ele participamos de muitos workshops de psicologia transpessoal e de outros estudos ligados a tradições que trabalham com energias, como estudos da Kundalini, experiências xamânicas, tratados antigos e científicos da consciência etc. Além disso, é importante que se diga que o próprio Fenômeno UFO tem uma dimensão que se verifica em dois níveis de realidade, além do grande impacto que faz com que os abduzidos modifiquem sua visão de mundo e passem, como os contatados, a ter uma consciência expandida e apta a entender a parte espiritual e energética da realidade. O processo é difícil, mas é libertador. A visão de mundo do abduzido, após ser tratado seu trauma inicial, se transforma – e a do pesquisador também. Ao nos aproximarmos das ocorrências, passamos a viver experiências conjuntamente e vamos crescendo ao mesmo tempo. Eu me recordo que na época em que investigava o Caso Suzy, as energias desconhecidas a que estávamos expostos nos trouxeram muito medo. Naquela época, foi necessário criar um grupo de apoio, com profissionais de várias linhas, inclusive espirituais, para entendermos o que ocorria e podermos nos aproximar do fenômeno com mais segurança.
Alguns investigadores e mesmo céticos em relação ao Fenômeno UFO defendem a idéia de que esta visão mais aprofundada ou transcendente, que envolve a aceitação de uma realidade espiritual paralela aos aspectos físicos, não teria qualquer base objetiva. Dizem que seria apenas uma espécie de fuga para o irreal, uma busca de se tentar explicar aquilo que as investigações puramente materialistas, ou científicas, não conseguiram fazer. O que falta a estas pessoas para poderem encarar uma alternativa mais aprofundada da realidade?
Falta, em primeiro lugar, tomarem conhecimento dos novos estudos da consciência. Já há muitos trabalhos científicos nesta direção, basta procurá-los. Quando participei do Grupo de Estudos de Experiências Anômalas, em Harvard, uma das quatro comissões formadas após o evento tratava da transformação social do fenômeno, que enfatizou a dificuldade dos cientistas, principalmente em culturas como a nossa, em separar o que é visão espiritualista dos estudos da consciência. Também já há muito trabalho sério no mundo sobre isso. Em Portugal, graças à Fundação Bial [Instituída pela empresa farmacêutica homônima e pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, com investigação científica nas áreas da parapsicologia e da psicofisiologia], também tive a oportunidade de participar de simpósios científicos de estudos da consciência e da memória. Outra área em que já há muitas investigações significativas é a dos estudos da meditação, e neste campo ressalto os simpósios do Instituto Mente e Vida [The Mind and Life Institute, MLI]. Seria importante aos ufólogos céticos não só se informarem, mas também vivenciarem os acontecimentos. Ou, pelo menos, antes de criticarem ou aventarem hipóteses e teorias, participarem de perto do trabalho com pessoas que estiveram expostas ao Fenômeno UFO e a abduções alienígenas.
Você cita bastante os trabalhos do Grupo de Estudos de Experiências Anômalas. Como poderia sintetizar suas atividades?
Vou resumir aqui as conclusões a que chegou aquela equipe de estudos. Primeiro, o grupo tentou explorar quais poderiam ser os métodos apropriados para entender o profundo impacto emocional e físico verificado em muitos abduzidas, já que ao mesmo tempo não se consegue entender sua natureza ou provar sua realidade através de metodologias tradicionais da ciência e da psicologia, uma vez que as abduções se apresentam entre a ciência, a espiritualidade e a religiosidade. Em segundo lugar, surgiu a recomendação geral de que se desenvolvessem ferramentas apropriadas para lidar com um fenômeno que faz a ponte entre o mundo material e os “mundos invisíveis”. Recomendou-se também explorar a metodologia dessas experiências com ênfase em seu impacto transformador, através do incremento de estudos específicos, como os que já foram iniciados sobre mapeamento topográfico do cérebro, incluindo formas de se encontrar “marcadores fisiológicos” nos abduzidos. Seria importantíssimo se fazer um estudo sistemático sobre o que eles têm a nos dizer sobre a natureza do universo.
Você e o doutor John Mack passaram por uma experiência ufológica muito especial na Amazônia. Como o fato se deu?
Quando estivemos em Varginha (MG), por ocasião do caso lá ocorrido, o ufólogo paulista Edison Boaventura Júnior nos falou de um fenômeno que estava ocorrendo num sítio vicinal à estrada que liga Manaus a Boa Vista, a BR-174, justamente em seu quilômetro 19. Assim, como planejávamos ir a Manaus, contatamos o ufólogo amazonense Gilson Mitoso [Então consultor da Revista UFO], que nos recebeu e nos levou até a localidade. Logo em nossa primeira ida ao sítio, Mitoso, o doutor Mack e eu já percebemos uma estranha dificuldade do carro em desenvolver velocidade. Quando lá estávamos, enquanto entrevistávamos o proprietário do local, o engenheiro agrônomo Raimundo Picanço, uma das testemunhas das ocorrências, algo se passou. O doutor Mack o regredira hipnoticamente e eu dei continuidade ao processo. Momentos depois, saí para a varanda e vi duas “estrelas” no horizonte, uma vermelha e uma branca. A esposa de Picanço, Kézia, disse que eram só “estrelas”, mas elas mudaram de posição, chegando a se inverterem. Logo a seguir, Mitoso e o doutor Mack saíram e se juntaram a nós. Nossas câmeras e gravadores ficaram na sala.
O que ocorreu, então?
Outros amigos de Picanço chegaram e ficamos todos numa cerca, olhando as “estrelas” evoluírem bem baixo, sobre as árvores no horizonte. Havia um grande campo de pasto à nossa frente e um rapaz, amigo de Picanço, colocou uma luz estroboscópica na cerca sinalizando adiante. De repente, passou por nós uma espécie de campo elétrico que arrepiou os cabelos de todos e descarregou as baterias dos relógios. Alguns minutos depois, a noite virou dia. Eram 19h30 quando tudo aconteceu, e o espetáculo foi fortíssimo, como se o campo todo se iluminasse. Tenho essa imagem gravada na mente. Logo em seguida, tudo se apagou misteriosamente.
O fenômeno já vinha ocorrendo lá há mais tempo?
Sim, pelo menos desde fevereiro de 1996, e isso tudo ocorreu em 17 de maio. Durante este período, o fenômeno continuava se apresentando todos os dias em intervalos de duas horas. Tanto que a dona da casa nos avisou que, quando se apagaram, as luzes só retornariam duas horas depois. Posteriormente, às 21h30, uma luz branca que faiscava no céu apareceu e Kézia nos chamou para a varanda, quando o grupo se dividiu para observá-la. Uma parte seguiu para ver o fenômeno de cima da caixa d’água, e eu, o doutor Mack e duas amigas de Picanço ficamos na frente da casa. De repente, surgiram dois relâmpagos no céu e tivemos a sensação de que ele se abria. Dele desceu uma bola branca do tamanho de uma Lua cheia sem brilho, que parecia de opalina. A exclamação do cientista de Harvard não me sai da cabeça: “É a coisa mais parecida com um UFO que já vi”. Então a esfera subiu e desapareceu. Isso é tudo o que consigo me lembrar sobre aquele dia, mas voltei à fazenda sem o doutor Mack, apenas com Mitoso, mais duas vezes. Na segunda, com a presença do doutor Pierre Weil, conhecido educador e psicólogo francês residente no Brasil, que nos acompanhou, finalmente conseguimos filmar a luz branca que faiscava [Parte deste relato está na edição UFO 051, de junho de 1997].
Fascinante. Como você também esteve em Varginha na época do caso, fazendo investigações ao lado do doutor John Mack, qual é sua opinião como investigadora e profissional da psicologia sobre as primeiras testemunhas do episódio, Liliane e Valquíria Silva e a amiga Kátia Xavier?
Entrevistamos as meninas na casa das duas primeiras, com a presença do ufólogo mineiro Vitório Pacaccini e outros investigadores. A mãe delas estava presente, como também jornalistas. O que me chamou a atenção foram os relatos de acontecimentos anteriores ao fato, que já ocorriam com as moças. Elas disseram que muitas vezes acordavam com a sensação de sua cama estar tremendo. Além disso, verificamos que havia um lapso de tempo de meia hora no relato das três. Para mim e para o doutor John Mack ficou muito claro que as testemunhas estavam traumatizadas por alguma coisa que lhes ocorrera e as impactou profundamente. Sobre isso, Mack concedeu entrevista atestando a autenticidade do relato das testemunhas [Veja edições UFO Especial 013 e 034]. Tentando suavizar o trauma ainda muito aflorado de Liliane, eu a fiz recordar do momento em que ficou mais próxima da criatura, afastada das outras.
Qual foi o resultado que você obteve fazendo-a recordar da experiência?
Vi que em sua memória havia uma sensação de luz e de estar quase subindo. Como não me foi permitido hipnotizá-la, não posso assegurar que houve abdução. Os indícios, porém, são disso. Há um outro detalhe importante: o retrato falado que elas fizeram do ser observado. Simplesmente não havia na mídia, em filme ou revistas ufológicas nada similar àquele tipo de criatura. Ela não pertencia à tipologia típica catalogada em casos ufológicos. No entanto, para mim, ela era conhecida, pois tinha desenhos feitos por abduzidos durante sessões de hipnose ocorridas em meu consultório, em que os seres eram muito semelhantes à entidade descrita pelas meninas. Ou seja, eu já conhecia tal ser através de desenhos feitos em regressões hipnóticas, presentes nas memórias inconscientes das pessoas. A criatura de Varginha, porém, foi vista a olho nu, durante o dia e sob o Sol forte das 15h30.
O que mais você pode atestar sobre os testemunhos das meninas?
Por exemplo, que elas apresentavam sintomas de desordem de estresse pós-traumático [Post Traumatic Stress Disorder, PTSD], típica de casos de avistamentos ufológicos e abduções alienígenas, estando emocionalmente abaladas e confusas. O problema maior era o aspecto da criatura, pois seres muito feios sempre nos lembram situações negativas. Portanto, havia medo da situação, principalmente por parte da mãe das meninas. E para mim havia um elemento conhecido, de seres que aparecem em regressões, geralmente relatados em zonas de cavernas – e Varginha é uma região assim. Se o contato das meninas foi físico ou só aconteceu naquela zona intermediária entre o físico e o não físico, não sabemos. Seria necessário a conclusão de uma pesquisa muito diferente da que foi feita, noutra direção, não desmerecendo o enorme esforço e a detalhada investigação. Seria uma complementação de tudo o que foi feito seguindo uma linha diferente de estudos [Veja detalhes no livro O Caso Varginha, código LIV-008 da coleção Biblioteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: www.ufo.com.br].
Obrigado por nos oferecer detalhes inéditos sobre o Caso Varginha. Agora que você está lançando nova edição de seu livro Transformadores de Consciência, diga-nos até que ponto a obra representa uma modificação em suas percepções sobre a realidade e os sentidos da presença alienígena na Terra?
O livro apresenta não apenas uma ampliação, mas uma verdadeira transformação na minha visão sobre as abduções. Quando escrevi a primeira versão da obra, que saiu como UFO: Contato Alienígena, em 1992, eu estava sob o impacto de um fenômeno desconhecido, estranho e que infundia temor. Não sabia frente a que estava. Havia medo nas testemunhas e nos investigadores, mesmo entre os pesquisadores internacionais. Muitas reuniões e simpósios ocorreram nos Estados Unidos envolvendo psicólogos e psiquiatras que tentavam entender e lidar com os acontecimentos e com a desordem de estresse pós-traumático de avistamentos e abduções. Quando terminei o livro, ainda estava sob este impacto. Mas o tempo passou e minha consciência sobre os fatos evoluiu, assim como a dos abduzidos. Creio até que o próprio fenômeno das abduções se modificou. Pelo menos, se não mudaram os métodos ou as memórias traumáticas, suas conseqüências evolutivas e os ensinamentos que passaram a ser transmitidos através desses relatos e dos contatos posteriores desses mesmos abduzidos causaram grande modificação da minha visão. Em lugar de estarmos sendo “invadidos”, como eu pensava, estaríamos sendo ensinados e transformados para expandirmos nossa consciência, para entrarmos em contato e compreendermos o nosso interior e sermos capazes de modificar nosso mundo. Nos últimos anos, convivendo mais de perto com muitos abduzidos em Portugal, e mesmo após a minha própria experiência na Amazônia, essa visão se solidificou. Penso hoje que a abdução é parte de um plano muito maior para nossa humanidade. O medo da invasão, do controle ou de estarmos sendo dominados deu lugar à consciência de que, se a abdução estimula a nossa Kundalini, como nas iniciações espirituais, ela não pode ter o propósito de domínio.
Como assim, estímulo da Kundalini? Por favor, explique este conceito.
A Kundalini, tida como o poder do desejo puro dentro de nós, a energia de nossa alma e de nossa consciência, é considerada o grande segredo dos sacerdotes das antigas civilizações, que nunca era divulgado para haver domínio das massas. Como poderíamos ser controlados após nossa humanidade se tornar mais desperta? E podemos perceber isso na ativação no cérebro dos abduzidos, que detectamos em nossos estudos. Há o registro de ondas beta de alta freqüência, o que indica uma consciência mais atenta. Sobre a Kundalini ser estimulada no momento da abdução, eu já havia feito esta observação em meu livro, descrevendo o processo que ocorre após o fenômeno nos abduzidos. No entanto, o profundo significado disso na consciência humana só se tornou mais claro com o passar dos anos.
Interessante. Você também conviveu com a pioneira da Ufologia Brasileira Irene Granchi. Qual foi a importância dela em seu trabalho?
O convívio com a professora Irene Granchi [Presidente de honra do Conselho Editorial da Revista UFO] durante muitos anos, especialmente no Centro de Investigações Sobre a Natureza dos Extraterrestres (CISNE), entidade que ela presidia, foi de suma importância para o meu trabalho. Primeiro, por todo o conhecimento que ela passava de muitos anos de investigação do Fenômeno UFO e de troca de informação com pesquisadores internacionais. Depois, ela é também uma grande amiga, e com sua ajuda tive contato com casos que não conhecia, além de acesso a muitas pessoas para investigar. Os membros do seu grupo, muito dedicados, amigos e colaboradores, foram também preciosos na minha caminhada. Além de tudo, as reuniões do CISNE no passado eram imperdíveis, e dona Irene sempre tinha algum caso novo para nos mostrar, fazendo-nos interagir com algum investigador ou personalidade em visita a cidade. Sinto muita falta daquelas reuniões. Dois casos, os de Suzy e de Maria, que estão relatados no meu primeiro livro, conheci durante atividades no grupo. Eu considerava dona Irene a grande “enciclopédia” viva da Ufologia, não só Brasileira, mas também da Mundial, e seu afastamento deixou uma grande lacuna, insubstituível. Costumávamos trocar impressões e experiências, e seu vasto conhecimento muitas vezes ajudava a dar direção à minha pesquisa.
Até que ponto sua experiência com abduzidos em busca de sintomas de lapso de tempo ou de memórias bloqueadas contribuíram para o desenvolvimento de sua atual visão da manifestação ufológica?
Bem, é importante ressaltar que sem os abduzidos e contatados não teríamos um fenômeno a investigar. No entanto, as memórias e as emoções recuperadas nas regressões hipnóticas formam o grande corpo de relatos consistentes que temos para entender o papel desses seres em nosso mundo. O fenômeno da abdução é real, e quanto a isso não resta dúvida, embora possamos até não saber em que nível de realidade ele se passa. Só conseguiremos entendê-lo por completo quando mudarmos nosso paradigma de visão do mundo. Costumamos acreditar no visível, só que estamos lidando com algo que se passa ao mesmo tempo na nossa tridimensionalidade e em um mundo imaginário ou mundis imaginalis, segundo Carl Jung. Mundo este que também possui uma fisicalidade, só que mais sutil do que a nossa, onde os seres não são totalmente físicos, mas são reais e têm o poder de mudar de forma, muitas vezes adquirindo densidade suficiente para ingressar em nosso meio material e interferir nas coisas.
Você acredita que os seres que interagem conosco nas abduções alienígenas podem pertencer a outra ordem de realidade, que ainda não é palpável para nós?
Sim, tanto para mim quanto para o doutor John Mack, os seres que interagem conosco nos processos abdutivos devem pertencer à outra forma de existência, de realidade. Os mundos imaginários de Jung não explicam profundamente o que ocorre no momento da abdução alienígena, e como ainda não temos uma ciência para lidar com isso, nem com o entendimento das projeções e realidades virtuais envolvidas nos episódios, uma explicação mais profunda ainda nos escapa. Todavia, as regressões hipnóticas e a enorme força energética que é liberada com a recuperação dessas memórias estão aos poucos nos ajudando a compor o mosaico do fenômeno. As profundas informações dos abduzidos, em conexão com uma poderosa fonte de saber, me ajudou a crescer e a expandir minha própria consciência. Nos últimos anos, ainda em Portugal, tive a oportunidade de acompanhar e seguir de perto, com regressões e consultas, as abduzidas Carla Baptista e Clara, cujas experiências me ajudaram a perceber a grande transformação de consciência ocorrida em ambas, inclusive no nível físico. Elas agora percebem e recebem orientações e ensinamentos diretamente dos seres, que se apresentam como mestres.
Em seu segundo livro, O Rio Subterrâneo, você aprofunda suas investigações sobre áreas paralelas à Ufologia, como a paranormalidade. Até que ponto sua experiência com a parapsicologia lhe ajudou a melhor compreender o Fenômeno UFO?
A Ufologia envolve fenômenos paranormais e aberturas para áreas espirituais. Para podermos compreender isso em conjunto, e não apenas as partes visíveis deles, temos que nos aprofundar nessas áreas. Tive a felicidade de ter nascido numa cultura que já tem mais facilidade para compreender estas coisas. Além disso, como relato nesse livro, fui levada a muitos lugares e muitas tradições antigas me foram ensinadas para eu poder ter essa visão mais alargada da realidade. Nos Estados Unidos convivi com cientistas da área de psiquiatria que, para poderem interagir com casos ufológicos, tiveram de se aproximar de estudos de xamanismo. Recordo-me que num congresso promovido pela doutora Rima Laibow, um general norte-americano, Albert Stubblebine, antigo chefe do Comando de Inteligência e Segurança das Forças Armadas dos EUA, deu uma palestra em que declarou que o Exército tinha exigido que ele e todo seu batalhão aprendessem técnicas heterodoxas, como saída do corpo, telepatia, visão remota etc. Stubblebine disse ainda que quem quisesse se aproximar dos UFOs não deveria tentar sem antes ser treinado nestas áreas.
Em sua opinião, até que ponto estamos diante de um projeto deliberado de intervenção extraterrestre na evolução espiritual da humanidade?
Creio que existe um plano maior por trás do Fenômeno UFO, com a finalidade de ajudar a humanidade a atingir uma consciência mais expandida nesse período de transição, o que pode ser proporcionado com convívio com outras espécies do universo. Vivemos até agora isolados de outras raças, espécies e civilizações. Provavelmente, há um plano orquestrado por uma fonte por nós desconhecida, mas que está impulsionando nossa evolução.
Existiria também alguma interferência alienígena nos aspectos genéticos de nossa evolução?
No caso específico dos abduzidos e contatados, há um estímulo detectável, uma genética especial de miscigenações anteriores. Pelo menos, isso é o que nos é relatado por eles. Também sabemos que o fenômeno é familiar, ou seja, ocorre dentro de linhagens familiares e, portanto, com conotação genética. Haveria, assim, interferência também nestes aspectos, e talvez, como muitos abduzidos descrevem, correção de erros cometidos no passado da nossa criação, com a necessária mudança em nosso DNA. Para sabermos que isso está realmente ocorrendo, temos que pesquisar geneticamente os abduzidos e principalmente os filhos deles. Porém, para haver estímulos especiais capazes de transformar um ser humano em alguém mais evoluído foi necessário estimular sua Kundalini, e, para isso, a pessoa já precisa ter uma genética especial. Os indianos que lidam com tais energias sabem desta importância. Voltando para características mais físicas e biológicas, como nos mostra a série Taken [2002], de Steven Spielberg, foram necessárias várias gerações para se criar o protótipo perfeito ou uma nova raça, como já é descrita em muitas escolas filosóficas antigas. Para evoluirmos ainda mais, necessitamos também de corpos com uma estrutura mais apropriada e sutilizada, sem tantos problemas como medo, raiva e intolerância. Uma nova consciência, mais desperta, é de paz e amor, e não possui resíduos de agressividades causadas por fobias e inseguranças.
Em que momento você passou a usar a hipnose para identificar abduções? Quando comecei nesta área, não acreditava em hipnose e iniciei minha pesquisa apenas acompanhando, entrevistando e observando contatados e abduzidos. Assisti algumas regressões executadas por outros hipnólogos. Finalmente, participando de congressos de paranormalidade e psicologia transpessoal nos Estados Unidos, conheci o doutor David Cheek, um dos fundadores da Sociedade Americana de Hipnose Clínica, que me incentivou a fazer treinamento na área. Agradeço esta oportunidade, pois foi a partir daí que pude me aproximar do fenômeno das abduções com um olhar mais pessoal e diferente. A prática da hipnose organizou cientificamente estudos e conhecimentos que eu já tinha adquirido antes.
E como diferenciar uma abdução real de uma imaginada, uma fantasia?
A abdução tem um registro diferente das outras memórias, um padrão e alguns detalhes que a fantasia não tem. Um fato, tendo sido realmente vivido, não significa que foi real. É um fato real para quem o viveu, mas não necessariamente é uma realidade. As conseqüências e os desdobramentos dele é que vão nos dar a certeza ou não do ocorrido. Além disso, é geralmente necessária mais de uma sessão de regressão hipnótica para afirmarmos que houve realmente uma abdução alienígena. Rememorar apenas um episódio nos fornece pistas, não certezas. A lembrança da abdução, segundo o doutor David Jacobs, consultor da Revista UFO e autor de A Ameaça [Rosa dos Tempos, 1999] e Vida Secreta [Rosa dos Tempos, 2002], se encontra armazenada nos registros de memórias antigas e não nas recentes, por isso a dificuldade de acesso a elas. Para mim, tais memórias estariam gravadas em um registro diferente das outras, talvez numa “freqüência” mais alta, como a minha pesquisa com mapeamento cerebral indica, dando um indício a mais disso. Estas memórias estariam separadas da fantasia e menos contaminadas. O doutor John Mack também dizia que estavam “armazenadas” como em um CD de dados, separado das outras, o que também requer mais pesquisa para sua total compreensão.
Dentro dos casos estudados por você, quantas e quais espécies de seres foram identificadas?
Como já expliquei em algumas palestras, a tipologia dos seres envolvidos em abduções é diferente da classificação ufológica mundial, presente na literatura. Como se trata de um fenômeno em que está presente o que chamamos de screen memory, ou memória de fachada, só com a continuação de um tratamento com hipnose poderemos chegar mais próximos da aparência dos seres em cada caso. Devido a isso, eu reduziria a poucos tipos de seres, com algumas variações entre eles. Teríamos, assim, os típicos grays baixinhos, as entidades magras e altas com mais ou menos dois metros, os seres de aspectos reptilianos e os rugosos, com três ou 4 dedos, tipo garras, criaturas que lembram um louva-a-deus e formigões. Há também os tipos humanos, variando na cor da pele, com ou sem cabelo e, às vezes, com pedras encravadas na testa, com olhos oblíquos etc. Estes últimos geralmente são mais altos e muitas vezes são encontrados junto com os reptilianos ou grays. Mas temos que levar em conta que estamos lidando com seres que mudam de aparência com facilidade, podendo se transformar de um réptil a um mestre. Os najas, descritos na tradição tibetana, possuem a aparência de répteis, mas têm sabedoria e podem mudar de forma com facilidade. Se estamos lidando com a realidade ou com projeções holográficas e mentais, não sabemos.
Quais foram as transformações percebidas em seus pacientes após a descoberta desta nova realidade?
De maneira geral, eles ultrapassaram uma parte do pânico. Mas, às vezes, é necessária mais de uma sessão para que isso ocorra. O paciente ou abduzido toma consciência do que atravessou e começa um processo de reorganização da sua personalidade, primeiro passando pelo afloramento de situações emocionais não resolvidas, até chegar a “morte” da personalidade antiga, dando nascimento a uma mais organizada. Esse processo está melhor descrito no meu livro Transformadores de Consciência. Não é algo fácil, porque envolve um aprendizado, envolve lidar com todo conteúdo reprimido e o direcionamento do excesso da energia existente. O importante é que, no final, leva a uma transformação da visão de mundo com a expansão da consciência, o renascimento e mudanças de valores, de integração, sabedoria e paz, além da produtividade e rapidez mental.
Quanto às abduções detectadas através das hipnoses, a maior incidência delas está entre homens ou mulheres? Você avalia com que intenção ocorreram?
Quando fiz um primeiro levantamento dos principais casos brasileiros de abdução, a incidência em homens era maior do que em mulheres. Mas dentro do universo da minha pesquisa tenho mais mulheres do que homens abduzidos. Entretanto, em escala mundial, não há esta característica. Já houve tentativas, por parte de vários investigadores, de classificar as abduções alienígenas em grupos, mas isso não foi possível porque elas ocorrem em todos os níveis e segmentos sociais, sem diferenças entre homens e mulheres. Segundo o ufólogo Budd Hopkins, igualmente consultor da Revista UFO e autor de Intrusos [Editora Record, 1993], sobre o qual foi produzido o filme Intruders [1992], a abdução teria o propósito de criação de seres híbridos – Jacobs também pensa assim. Na minha pesquisa, também constatei que há quase sempre a coleta de óvulos e espermas dos abduzidos. E há muitos relatos de retirada de fetos entre três e 4 meses de gestação, que são colocados em tubos com um líquido nutriente em UFOs chamados de “naves-maternidade”. Segundo Jacobs, geralmente só as mulheres são levadas posteriormente para verem os fetos, e em minha pesquisa também verifiquei esta particularidade [Veja detalhes no DVD Abduções, código DVD-013 da coleção Videoteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: www.ufo.com.br].
A finalidade das abduções são sempre as mesmas ou há diversidade de objetivos?
Pelo que ficou definido na já citada Conferência de Estudos de Abdução, as experiências seguem um padrão. Durante todos esses anos dedicados ao assunto, tendo realizado um grande número de regressões hipnóticas em pessoas que viveram o fenômeno, sei que o padrão existe, é repetitivo e segue uma seqüência de passos sempre iguais. As variações ocorrem no processo pela intencionalidade dos seres e sua ligação com aquela pessoa. Há sempre uma finalidade, e apesar do padrão ser recorrente, ele é individualizado. O cenário da abdução alienígena vai ser criado segundo esta intenção e particularidade.
Existe alguma postura padrão na conduta dos seres abdutores nos casos que você estudou?
Não sei se os seres são ETs, dentro do que convencionamos entender, isto é, extraterrestres. Ninguém até hoje descobriu quem orquestra o fenômeno das abduções alienígenas. Mas sabemos que são “extras”, ou seja, externos, excepcionais à nossa cultura, e temos uma imensa variedade de formas e mensagens. O que eles são de fato, até que se apresentem objetivamente, será deduzido a partir de crenças internas de cada um. Sabemos, todavia, que possuem uma tecnologia e um conhecimento capazes de causar influência mental superior em nossa espécie, interferindo em nossos conhecimentos científicos atuais. Quanto ao padrão, só posso falar do que ocorre nos contatos e abduções, e não nas muitas crenças e fantasias individuais divulgadas como realidade. O padrão da abdução é bastante conhecido e está definido da seguinte forma pelo PEER: “A experiência da abdução envolve o relato de um contato com seres tecnologicamente avançados e não humanos. A pessoa é levada para um lugar não familiar, um espaço fechado, geralmente contra sua vontade. Ela é sujeita a procedimentos do tipo médico e a sua emoção tem que ser apropriada para essa experiência”. A conduta dos seres ainda é bem pouco conhecida, apesar dos inúmeros relatos. Um exemplo é o fato que vivi com aquelas pessoas na Amazônia. Raimundo Picanço o recorda como uma experiência traumática, e eu e o doutor John Mack, que vivenciamos o mesmo fenômeno, o lembramos como experiências não só agradáveis, mas até com sensações de êxtase.
É possível ocorrer abdução fora do corpo, ou, como dizem os estudiosos, durante projeções astrais? E que critérios existem para definir quando o contato ocorrido é físico ou se deu nesta dimensão?
Dentro da própria definição da abdução, ela não poderia ocorrer no plano astral, pois tem que incluir o corpo físico. O que acontece é que nem sempre o abduzido é levado com esse corpo, o que pode ocorrer posteriormente. Muitas vezes, é encaminhado para instruções e vai, ao que me parece, com algum outro corpo, mas não creio ser o astral. Há muitos relatos de contatos no dito plano astral e mesmo através dos chamados “portais dimensionais”. Geralmente, quando acontecem saídas espontâneas do corpo, são contatos conscientes. Já a abdução é inconsciente, contra a vontade. Entretanto, como ela se passa em dois níveis de realidade, é provável que possa também ser detectada usando-se só um dos níveis, isto é, o não visível. Só não me parece que ele seja o que conhecemos como astral, mas necessitaríamos de um estudo mais profundo desse aspecto do fenômeno para definirmos ao certo.
Através do estudo das abduções, qual é sua visão pessoal sobre o futuro do planeta?
Apesar de todos os problemas que nosso mundo vem atravessando, tenho uma visão positiva do futuro. Creio que o nascimento de muitas crianças especiais, ditos “filhos das estrelas”, “índigo”, “cristal” e “arco-íris”, ou a nomenclatura que se queira dar, representa a possibilidade de um futuro melhor para nossa espécie. O meio acadêmico e educadores já perceberam que é preciso haver mudanças nos métodos escolares, pois essas crianças exigem modificações e adaptações. Para que nascer tanta gente assim se o planeta está fadado a desaparecer num apocalipse, como alegam alguns estudiosos? Essas crianças estão vindo ensinar a humanidade a ser mais clara e direta com seus sentimentos e emoções. Um ser com a consciência expandida tem dificuldade de lidar com injustiças e agressões. Ainda quanto ao estudo das abduções, creio que temos de nos concentrar agora nos filhos dos abduzidos, pois talvez neles encontremos híbridos que possam nos abrir os olhos com relação à pesquisa.
Você acredita no progressivo reconhecimento do Fenômeno UFO em escala global?
Além do reconhecimento científico e governamental das abduções alienígenas, o estudo do seu impacto social e as conseqüências de um possível convívio com outras espécies nos leva a perceber que alguma coisa séria está acontecendo, e temos que mudar nossa atitude com relação a isso. Já vimos que a abdução leva a uma expansão da consciência. Portanto, já nos foram ensinados todos os ingredientes de como podemos nos tornar cidadãos cósmicos, a escolha é nossa.
A qualidade das pesquisas de Gilda Moura na área foram progressivamente destacando seu nome no Brasil e até no exterior, tornando-a conhecida como uma das principais investigadoras de abduções do planeta, recebendo elogios e declarações de reconhecimento inclusive do psiquiatra norte-americano John Mack, professor da consagrada Universidade de Harvard e ícone da Ufologia Mundial, hoje falecido, com quem partilhou conhecimentos, pesquisas e até uma experiência de contato na Amazônia.
Estados alterados da consciência
Gilda Moura foi co-diretora, com a Fundação Kairos, da Universidade de Illinois, em Chicago, de um estudo de seis anos sobre estados alterados da consciência e mapeamento cerebral, pesquisando quatro grupos no Brasil: contatados e abduzidos, cirurgiões paranormais, médiuns e integrantes da seita de Santo Daime. Os resultados deste trabalho foram publicados em revistas científicas dos Estados Unidos, Portugal e agora no Brasil. Esta foi uma investigação totalmente inédita, que acabou revelando que os abduzidos possuem um padrão de atividade cerebral particular. Gilda foi ainda palestrante na Conferência de Estudos de Abdução, realizado no prestigiado Massachusetts Institute of Technology (MIT), em 1996, e realizou inúmeras viagens de estudos e trabalhos, apresentando-se em congressos no Brasil, Estados Unidos, Argentina, Chile e Portugal.
A entrevistada é autora dos livros UFO: Contato Alienígena [Nova Era, 1992], O Rio Subterrâneo [Record e Nova Era, 1999] e Transformadores de Consciência [Editora do Conhecimento e Nova Era, 1996 e 2009], fundamentais para aqueles que querem entender um pouco sobre a realidade das abduções e tudo que envolve tal processo. É consultora científica do Centro Transdisciplinar de Estudos da Consciência (CTEC), da Universidade Fernando Pessoa, em Porto, Portugal, e fundadora da Associação Portuguesa de Hipnose Clínica Experimental e da Associação Luso-Brasileira de Psicologia Transpessoal. Consultora da Revista UFO há anos, teve a experiência e coragem necessárias para enfrentar aqueles que ainda questionam o Fenômeno UFO. “Na maioria das vezes, tal ceticismo se dá por total desconhecimento do assunto ou das potencialidades do tema como uma valiosa ferramenta para a busca das grandes respostas para aquilo que chamamos de abdução”, diz.
Gilda faz parte de um grupo cada vez mais numeroso de cientistas que já perceberam que estamos diante de um fenômeno profundamente transformador, não só nos aspectos psíquicos, mentais e de consciência, mas também no nível genético. Para ela, o Fenômeno UFO está longe de ser algo opressor e negativo, por mais que alguns insistam nisso. Sua experiência como investigadora, cientista e ainda como protagonista direta de várias ocorrências, revela isto. Igualmente, está longe de negligenciar o aspecto holístico relacionado à presença dessas naves e seus tripulantes. Assim, o leitor está tendo a oportunidade de conhecer o pensamento de uma pesquisadora cujo trabalho resultou em tremendo progresso para a Ufologia Brasileira, através desta esclarecedora entrevista, que contou com a participação da mestre de cerimônias da Revista UFO, Rachel Coutinho.
Quando e como começou seu despertar para a existência de outros mundos habitados e para a possibilidade de estarmos em contato com extraterrestres?
Desde criança tinha atração por tudo o que fosse misterioso. Na adolescência comecei a me interessar por fenômenos paranormais e chegava a sair do colégio interno para assistir palestras do padre Quevedo. Achava muito natural que outros planetas pudessem ser habitados, tanto que meu herói predileto era o Super Homem, e lia todas as revistinhas. Só mais tarde, quando ocorreu o fato que descrevo no meu livro O Rio Subterrâneo, que fui me interessar pela possibilidade de estarmos sendo visitados. Em 1970, eu estava em um sítio na Estrada de Adrianópolis, no município de Nova Iguaçu (RJ), quando minha filha chegou de carro, junto com outros familiares, buzinando e gritando porque todos haviam visto um objeto pousado a um metro do solo, a cerca de um quilômetro dali. Era verão, cerca de 18h30, e eles puderam ver o formato e as luzes do UFO. O caso está registrado também no livro da professora Irene Granchi, UFOs e Abduções no Brasil [Novo Milênio, 1992]. O mesmo objeto também foi avistado sobre o Aeroporto do Galeão, no dia seguinte, 13 de dezembro de 1970. A partir daí passei a me interessar pelo fenômeno mais objetivamente. Mas, apesar de imaginar a possibilidade de vida extraplanetária e mundos habitados, não acreditava nem aceitava os estudos desenvolvidos pelos ufólogos. Só na década de 80, quando assisti a uma palestra de Jaime Lauda no Rio de Janeiro [Consultor da Revista UFO], considerei o trabalho sério e interessante de ser conhecido e examinado.
Pessoalmente, não. Os cientistas, principalmente físicos e astrofísicos mais avançados, normalmente também não vêem. Entretanto, aceitar o fenômeno e querer investigá-lo são duas coisas diferentes. Nossa ciência parte do paradigma de que fenômenos que não podem ser mensurados são difíceis de ser estudados. Na verdade, o ser humano em geral tem dificuldades em aceitar o desconhecido. Creio que só quando o fato se tornar incontestável, os cientistas se interessarão pelo assunto. Ou seja, o tema ainda é tabu nas instituições acadêmicas. Na Universidade de Harvard, após a avaliação do trabalho do doutor John Mack sobre as abduções, foi sugerido a ele aplicar uma abordagem multidisciplinar nesse estudo, incluindo a participação de vários cientistas. Então, na primavera de 1999, constituiu-se o Grupo de Estudos de Experiências Anômalas [Anomalous Experience Study Group, AESG], que era composto de 23 cientistas, sendo seis médicos psiquiatras, seis psicólogos, dois religiosos. Havia também filósofos, antropólogos, astrônomos, etnologistas, um físico e seis abduzidos.
Isso é fascinante e revelador. Conte-nos detalhes das atividades do AESG, por favor.
Sim, foi muito interessante. Entre as questões levantadas e debatidas por esses cientistas durante os dois dias de estudos, eu ressaltaria várias. Primeiro, como se pode estudar um fenômeno assim e que ciência conhecida pela experiência humana seria necessária para tal? Os integrantes do grupo também ponderavam como a ontologia e a visão de mundo afetavam a percepção e o estudo destas “anomalias” – como eram chamadas as abduções – e que tipo de fenômeno era esse, afinal. Outra perspectiva levantada dizia respeito à possível relação dos seqüestros com outras anomalias humanas e sociais, e houve também um debate importante sobre os limites entre ciência e espiritualidade, em que se tratou de novas modalidades de conhecimentos científicos e religiosos. Os cientistas estavam interessados em saber que tipo de fobias o termo “estado alterado de consciência” criaria para esse estudo e qual seria a relação entre a realidade objetiva e subjetiva das abduções. E questionavam se seria necessário aceitar a existência de outras dimensões de realidade, como alguns cientistas acreditam – tal como o astronauta Edgar Mitchell, da Apollo 14 –, ou se bastaria estender a ciência para outros domínios.
Como você conheceu o trabalho e depois conviveu com o doutor John Mack, o famoso psiquiatra de Harvard?
Tomei conhecimento, pela internet, de que iria ocorrer a Conferência de Estudos de Abdução, no Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Boston, e mandei minha investigação para avaliação. Dias depois, o doutor David Pritchard, físico do MIT e organizador do evento, respondeu e disse que gostaria da minha colaboração para sua realização. Preparei-me muito para aquilo, aproveitando a oportunidade de mostrar o trabalho que tinha acabado de concluir, exposto em meu primeiro livro UFO: Contato Alienígena [Nova Era, 1992]. Na época, com a colaboração de Irene Granchi e do co-editor da Revista UFO Claudeir Covo, preparei duas conferências para o congresso, um resumo dos principais casos brasileiros de abdução, pesquisados por outros investigadores até aquele momento, e o meu próprio trabalho. No evento fui apresentada ao doutor John Mack e, para surpresa dele e minha, só nós dois havíamos chegado à conclusão de que havia uma relação entre a expansão da consciência e o Fenômeno UFO. Foi a partir daí que passei a conhecer seu trabalho e, como meu filho morava em Boston, tive a oportunidade de conviver com ele no Programa de Pesquisas sobre Experiências Extraordinárias [Program for Extraordinary Experience Research, PEER], realizando pesquisas, participando de grupos de apoio a abduzidos e de palestras que lá ocorriam.
Foi assim que se tornaram mais próximos e parceiros de pesquisas?
Sim. Como tínhamos idéias semelhantes, nos tornamos amigos e colaboradores. Depois, com a vinda dele ao Brasil, realizei uma recepção em São Paulo, com ajuda de colegas, à qual muitos ufólogos compareceram. Assim, os laços foram se estreitando. Fui muito convidada pelo doutor Mack para reuniões, almoços, jantares e palestras, assim como pelo doutor David Pritchard, e me tornei muito amiga de sua esposa, Andrea Pritchard, editora dos anais da Conferência de Estudos de Abdução.
Estimo que esses laços de amizade foram substanciais para você e suas pesquisas. Como encarou os desafios iminentes?
Este convívio em Boston foi essencial ao desenvolvimento do me trabalho com abduzidos e principalmente no entendimento dos mapeamentos cerebrais que eu e o doutor Norman Don, neurocientista da Universidade de Illinois, havíamos executado anos antes no Brasil. Uma visão mais profunda e amplos questionamentos científicos proporcionados por este convívio me ajudaram a encarar a abdução como um fato que realmente estava acontecendo no mundo inteiro. Eu pensava apenas no Brasil, mas esta linha de conclusão quanto à transformação da consciência, proporcionada pela troca de informações com os cientistas de Boston, ajudaram-me a compreender melhor o fenômeno. Igualmente, o fato de a abdução ser considerada nos EUA como inerente não apenas ao nosso mundo físico, mas a outros níveis de realidade, interpenetrando-se de muitos modos, foi importante para que eu abordasse o “aspecto energético” dos casos como uma possibilidade real. Minha posição era de que estaríamos lidando com questões não mensuráveis da realidade. Nosso trabalho, meu e do doutor Norman Don, de mapeamento cerebral de 24 abduzidos no Brasil [Topographic Brain Mapping, Don & Moura, 1997], foi considerado como a primeira tentativa de se obter um marcador ou uma “assinatura psicofisiológica” do fenômeno no cérebro dos abduzidos. O resultado foi apresentado no Grupo de Estudos de Experiências Anômalas, e em suas conclusões foi recomendado dar prosseguimento a esta linha de investigação. Como não temos meios de investigar o aspecto não visível das ocorrências de forma científica, podemos mensurá-lo na sua manifestação física.
Em sua opinião, o que levou o doutor Mack a desenvolver uma visão mais aprofundada e transcendente do Fenômeno UFO?
Antes de começar a investigar o fenômeno, ele, assim como eu, passou por uma experiência pessoal de grande impacto em sua consciência. Depois, o convívio com os abduzidos, suas informações, mensagens, energias e, principalmente, a evolução positiva do processo o ajudou a interpretá-lo de maneira mais profunda e transcendente. Só pesquisando os casos, sem regredir hipnoticamente os abduzidos, não se chega a isso. O evento é traumático e libera uma enorme emoção e energia, que atingem o investigador, se ele não estiver preparado. No PEER, os primeiros auxiliares do doutor John Mack sofreram muito com isso. Esta emoção, quando liberada, obrigava-nos a trabalhar nossos próprios traumas e medos. Só após esta transformação é que conseguimos ter uma visão mais abrangente da realidade.
Como vocês puderam lidar com fatores tão íntimos, e ao mesmo tempo marcantes, mantendo a imparcialidade da investigação?
Para isso, tanto eu quanto ele participamos de muitos workshops de psicologia transpessoal e de outros estudos ligados a tradições que trabalham com energias, como estudos da Kundalini, experiências xamânicas, tratados antigos e científicos da consciência etc. Além disso, é importante que se diga que o próprio Fenômeno UFO tem uma dimensão que se verifica em dois níveis de realidade, além do grande impacto que faz com que os abduzidos modifiquem sua visão de mundo e passem, como os contatados, a ter uma consciência expandida e apta a entender a parte espiritual e energética da realidade. O processo é difícil, mas é libertador. A visão de mundo do abduzido, após ser tratado seu trauma inicial, se transforma – e a do pesquisador também. Ao nos aproximarmos das ocorrências, passamos a viver experiências conjuntamente e vamos crescendo ao mesmo tempo. Eu me recordo que na época em que investigava o Caso Suzy, as energias desconhecidas a que estávamos expostos nos trouxeram muito medo. Naquela época, foi necessário criar um grupo de apoio, com profissionais de várias linhas, inclusive espirituais, para entendermos o que ocorria e podermos nos aproximar do fenômeno com mais segurança.
Alguns investigadores e mesmo céticos em relação ao Fenômeno UFO defendem a idéia de que esta visão mais aprofundada ou transcendente, que envolve a aceitação de uma realidade espiritual paralela aos aspectos físicos, não teria qualquer base objetiva. Dizem que seria apenas uma espécie de fuga para o irreal, uma busca de se tentar explicar aquilo que as investigações puramente materialistas, ou científicas, não conseguiram fazer. O que falta a estas pessoas para poderem encarar uma alternativa mais aprofundada da realidade?
Falta, em primeiro lugar, tomarem conhecimento dos novos estudos da consciência. Já há muitos trabalhos científicos nesta direção, basta procurá-los. Quando participei do Grupo de Estudos de Experiências Anômalas, em Harvard, uma das quatro comissões formadas após o evento tratava da transformação social do fenômeno, que enfatizou a dificuldade dos cientistas, principalmente em culturas como a nossa, em separar o que é visão espiritualista dos estudos da consciência. Também já há muito trabalho sério no mundo sobre isso. Em Portugal, graças à Fundação Bial [Instituída pela empresa farmacêutica homônima e pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, com investigação científica nas áreas da parapsicologia e da psicofisiologia], também tive a oportunidade de participar de simpósios científicos de estudos da consciência e da memória. Outra área em que já há muitas investigações significativas é a dos estudos da meditação, e neste campo ressalto os simpósios do Instituto Mente e Vida [The Mind and Life Institute, MLI]. Seria importante aos ufólogos céticos não só se informarem, mas também vivenciarem os acontecimentos. Ou, pelo menos, antes de criticarem ou aventarem hipóteses e teorias, participarem de perto do trabalho com pessoas que estiveram expostas ao Fenômeno UFO e a abduções alienígenas.
Você cita bastante os trabalhos do Grupo de Estudos de Experiências Anômalas. Como poderia sintetizar suas atividades?
Vou resumir aqui as conclusões a que chegou aquela equipe de estudos. Primeiro, o grupo tentou explorar quais poderiam ser os métodos apropriados para entender o profundo impacto emocional e físico verificado em muitos abduzidas, já que ao mesmo tempo não se consegue entender sua natureza ou provar sua realidade através de metodologias tradicionais da ciência e da psicologia, uma vez que as abduções se apresentam entre a ciência, a espiritualidade e a religiosidade. Em segundo lugar, surgiu a recomendação geral de que se desenvolvessem ferramentas apropriadas para lidar com um fenômeno que faz a ponte entre o mundo material e os “mundos invisíveis”. Recomendou-se também explorar a metodologia dessas experiências com ênfase em seu impacto transformador, através do incremento de estudos específicos, como os que já foram iniciados sobre mapeamento topográfico do cérebro, incluindo formas de se encontrar “marcadores fisiológicos” nos abduzidos. Seria importantíssimo se fazer um estudo sistemático sobre o que eles têm a nos dizer sobre a natureza do universo.
Você e o doutor John Mack passaram por uma experiência ufológica muito especial na Amazônia. Como o fato se deu?
Quando estivemos em Varginha (MG), por ocasião do caso lá ocorrido, o ufólogo paulista Edison Boaventura Júnior nos falou de um fenômeno que estava ocorrendo num sítio vicinal à estrada que liga Manaus a Boa Vista, a BR-174, justamente em seu quilômetro 19. Assim, como planejávamos ir a Manaus, contatamos o ufólogo amazonense Gilson Mitoso [Então consultor da Revista UFO], que nos recebeu e nos levou até a localidade. Logo em nossa primeira ida ao sítio, Mitoso, o doutor Mack e eu já percebemos uma estranha dificuldade do carro em desenvolver velocidade. Quando lá estávamos, enquanto entrevistávamos o proprietário do local, o engenheiro agrônomo Raimundo Picanço, uma das testemunhas das ocorrências, algo se passou. O doutor Mack o regredira hipnoticamente e eu dei continuidade ao processo. Momentos depois, saí para a varanda e vi duas “estrelas” no horizonte, uma vermelha e uma branca. A esposa de Picanço, Kézia, disse que eram só “estrelas”, mas elas mudaram de posição, chegando a se inverterem. Logo a seguir, Mitoso e o doutor Mack saíram e se juntaram a nós. Nossas câmeras e gravadores ficaram na sala.
O que ocorreu, então?
Outros amigos de Picanço chegaram e ficamos todos numa cerca, olhando as “estrelas” evoluírem bem baixo, sobre as árvores no horizonte. Havia um grande campo de pasto à nossa frente e um rapaz, amigo de Picanço, colocou uma luz estroboscópica na cerca sinalizando adiante. De repente, passou por nós uma espécie de campo elétrico que arrepiou os cabelos de todos e descarregou as baterias dos relógios. Alguns minutos depois, a noite virou dia. Eram 19h30 quando tudo aconteceu, e o espetáculo foi fortíssimo, como se o campo todo se iluminasse. Tenho essa imagem gravada na mente. Logo em seguida, tudo se apagou misteriosamente.
O fenômeno já vinha ocorrendo lá há mais tempo?
Sim, pelo menos desde fevereiro de 1996, e isso tudo ocorreu em 17 de maio. Durante este período, o fenômeno continuava se apresentando todos os dias em intervalos de duas horas. Tanto que a dona da casa nos avisou que, quando se apagaram, as luzes só retornariam duas horas depois. Posteriormente, às 21h30, uma luz branca que faiscava no céu apareceu e Kézia nos chamou para a varanda, quando o grupo se dividiu para observá-la. Uma parte seguiu para ver o fenômeno de cima da caixa d’água, e eu, o doutor Mack e duas amigas de Picanço ficamos na frente da casa. De repente, surgiram dois relâmpagos no céu e tivemos a sensação de que ele se abria. Dele desceu uma bola branca do tamanho de uma Lua cheia sem brilho, que parecia de opalina. A exclamação do cientista de Harvard não me sai da cabeça: “É a coisa mais parecida com um UFO que já vi”. Então a esfera subiu e desapareceu. Isso é tudo o que consigo me lembrar sobre aquele dia, mas voltei à fazenda sem o doutor Mack, apenas com Mitoso, mais duas vezes. Na segunda, com a presença do doutor Pierre Weil, conhecido educador e psicólogo francês residente no Brasil, que nos acompanhou, finalmente conseguimos filmar a luz branca que faiscava [Parte deste relato está na edição UFO 051, de junho de 1997].
Fascinante. Como você também esteve em Varginha na época do caso, fazendo investigações ao lado do doutor John Mack, qual é sua opinião como investigadora e profissional da psicologia sobre as primeiras testemunhas do episódio, Liliane e Valquíria Silva e a amiga Kátia Xavier?
Entrevistamos as meninas na casa das duas primeiras, com a presença do ufólogo mineiro Vitório Pacaccini e outros investigadores. A mãe delas estava presente, como também jornalistas. O que me chamou a atenção foram os relatos de acontecimentos anteriores ao fato, que já ocorriam com as moças. Elas disseram que muitas vezes acordavam com a sensação de sua cama estar tremendo. Além disso, verificamos que havia um lapso de tempo de meia hora no relato das três. Para mim e para o doutor John Mack ficou muito claro que as testemunhas estavam traumatizadas por alguma coisa que lhes ocorrera e as impactou profundamente. Sobre isso, Mack concedeu entrevista atestando a autenticidade do relato das testemunhas [Veja edições UFO Especial 013 e 034]. Tentando suavizar o trauma ainda muito aflorado de Liliane, eu a fiz recordar do momento em que ficou mais próxima da criatura, afastada das outras.
Qual foi o resultado que você obteve fazendo-a recordar da experiência?
Vi que em sua memória havia uma sensação de luz e de estar quase subindo. Como não me foi permitido hipnotizá-la, não posso assegurar que houve abdução. Os indícios, porém, são disso. Há um outro detalhe importante: o retrato falado que elas fizeram do ser observado. Simplesmente não havia na mídia, em filme ou revistas ufológicas nada similar àquele tipo de criatura. Ela não pertencia à tipologia típica catalogada em casos ufológicos. No entanto, para mim, ela era conhecida, pois tinha desenhos feitos por abduzidos durante sessões de hipnose ocorridas em meu consultório, em que os seres eram muito semelhantes à entidade descrita pelas meninas. Ou seja, eu já conhecia tal ser através de desenhos feitos em regressões hipnóticas, presentes nas memórias inconscientes das pessoas. A criatura de Varginha, porém, foi vista a olho nu, durante o dia e sob o Sol forte das 15h30.
O que mais você pode atestar sobre os testemunhos das meninas?
Por exemplo, que elas apresentavam sintomas de desordem de estresse pós-traumático [Post Traumatic Stress Disorder, PTSD], típica de casos de avistamentos ufológicos e abduções alienígenas, estando emocionalmente abaladas e confusas. O problema maior era o aspecto da criatura, pois seres muito feios sempre nos lembram situações negativas. Portanto, havia medo da situação, principalmente por parte da mãe das meninas. E para mim havia um elemento conhecido, de seres que aparecem em regressões, geralmente relatados em zonas de cavernas – e Varginha é uma região assim. Se o contato das meninas foi físico ou só aconteceu naquela zona intermediária entre o físico e o não físico, não sabemos. Seria necessário a conclusão de uma pesquisa muito diferente da que foi feita, noutra direção, não desmerecendo o enorme esforço e a detalhada investigação. Seria uma complementação de tudo o que foi feito seguindo uma linha diferente de estudos [Veja detalhes no livro O Caso Varginha, código LIV-008 da coleção Biblioteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: www.ufo.com.br].
Obrigado por nos oferecer detalhes inéditos sobre o Caso Varginha. Agora que você está lançando nova edição de seu livro Transformadores de Consciência, diga-nos até que ponto a obra representa uma modificação em suas percepções sobre a realidade e os sentidos da presença alienígena na Terra?
O livro apresenta não apenas uma ampliação, mas uma verdadeira transformação na minha visão sobre as abduções. Quando escrevi a primeira versão da obra, que saiu como UFO: Contato Alienígena, em 1992, eu estava sob o impacto de um fenômeno desconhecido, estranho e que infundia temor. Não sabia frente a que estava. Havia medo nas testemunhas e nos investigadores, mesmo entre os pesquisadores internacionais. Muitas reuniões e simpósios ocorreram nos Estados Unidos envolvendo psicólogos e psiquiatras que tentavam entender e lidar com os acontecimentos e com a desordem de estresse pós-traumático de avistamentos e abduções. Quando terminei o livro, ainda estava sob este impacto. Mas o tempo passou e minha consciência sobre os fatos evoluiu, assim como a dos abduzidos. Creio até que o próprio fenômeno das abduções se modificou. Pelo menos, se não mudaram os métodos ou as memórias traumáticas, suas conseqüências evolutivas e os ensinamentos que passaram a ser transmitidos através desses relatos e dos contatos posteriores desses mesmos abduzidos causaram grande modificação da minha visão. Em lugar de estarmos sendo “invadidos”, como eu pensava, estaríamos sendo ensinados e transformados para expandirmos nossa consciência, para entrarmos em contato e compreendermos o nosso interior e sermos capazes de modificar nosso mundo. Nos últimos anos, convivendo mais de perto com muitos abduzidos em Portugal, e mesmo após a minha própria experiência na Amazônia, essa visão se solidificou. Penso hoje que a abdução é parte de um plano muito maior para nossa humanidade. O medo da invasão, do controle ou de estarmos sendo dominados deu lugar à consciência de que, se a abdução estimula a nossa Kundalini, como nas iniciações espirituais, ela não pode ter o propósito de domínio.
Como assim, estímulo da Kundalini? Por favor, explique este conceito.
A Kundalini, tida como o poder do desejo puro dentro de nós, a energia de nossa alma e de nossa consciência, é considerada o grande segredo dos sacerdotes das antigas civilizações, que nunca era divulgado para haver domínio das massas. Como poderíamos ser controlados após nossa humanidade se tornar mais desperta? E podemos perceber isso na ativação no cérebro dos abduzidos, que detectamos em nossos estudos. Há o registro de ondas beta de alta freqüência, o que indica uma consciência mais atenta. Sobre a Kundalini ser estimulada no momento da abdução, eu já havia feito esta observação em meu livro, descrevendo o processo que ocorre após o fenômeno nos abduzidos. No entanto, o profundo significado disso na consciência humana só se tornou mais claro com o passar dos anos.
Interessante. Você também conviveu com a pioneira da Ufologia Brasileira Irene Granchi. Qual foi a importância dela em seu trabalho?
O convívio com a professora Irene Granchi [Presidente de honra do Conselho Editorial da Revista UFO] durante muitos anos, especialmente no Centro de Investigações Sobre a Natureza dos Extraterrestres (CISNE), entidade que ela presidia, foi de suma importância para o meu trabalho. Primeiro, por todo o conhecimento que ela passava de muitos anos de investigação do Fenômeno UFO e de troca de informação com pesquisadores internacionais. Depois, ela é também uma grande amiga, e com sua ajuda tive contato com casos que não conhecia, além de acesso a muitas pessoas para investigar. Os membros do seu grupo, muito dedicados, amigos e colaboradores, foram também preciosos na minha caminhada. Além de tudo, as reuniões do CISNE no passado eram imperdíveis, e dona Irene sempre tinha algum caso novo para nos mostrar, fazendo-nos interagir com algum investigador ou personalidade em visita a cidade. Sinto muita falta daquelas reuniões. Dois casos, os de Suzy e de Maria, que estão relatados no meu primeiro livro, conheci durante atividades no grupo. Eu considerava dona Irene a grande “enciclopédia” viva da Ufologia, não só Brasileira, mas também da Mundial, e seu afastamento deixou uma grande lacuna, insubstituível. Costumávamos trocar impressões e experiências, e seu vasto conhecimento muitas vezes ajudava a dar direção à minha pesquisa.
Até que ponto sua experiência com abduzidos em busca de sintomas de lapso de tempo ou de memórias bloqueadas contribuíram para o desenvolvimento de sua atual visão da manifestação ufológica?
Bem, é importante ressaltar que sem os abduzidos e contatados não teríamos um fenômeno a investigar. No entanto, as memórias e as emoções recuperadas nas regressões hipnóticas formam o grande corpo de relatos consistentes que temos para entender o papel desses seres em nosso mundo. O fenômeno da abdução é real, e quanto a isso não resta dúvida, embora possamos até não saber em que nível de realidade ele se passa. Só conseguiremos entendê-lo por completo quando mudarmos nosso paradigma de visão do mundo. Costumamos acreditar no visível, só que estamos lidando com algo que se passa ao mesmo tempo na nossa tridimensionalidade e em um mundo imaginário ou mundis imaginalis, segundo Carl Jung. Mundo este que também possui uma fisicalidade, só que mais sutil do que a nossa, onde os seres não são totalmente físicos, mas são reais e têm o poder de mudar de forma, muitas vezes adquirindo densidade suficiente para ingressar em nosso meio material e interferir nas coisas.
Sim, tanto para mim quanto para o doutor John Mack, os seres que interagem conosco nos processos abdutivos devem pertencer à outra forma de existência, de realidade. Os mundos imaginários de Jung não explicam profundamente o que ocorre no momento da abdução alienígena, e como ainda não temos uma ciência para lidar com isso, nem com o entendimento das projeções e realidades virtuais envolvidas nos episódios, uma explicação mais profunda ainda nos escapa. Todavia, as regressões hipnóticas e a enorme força energética que é liberada com a recuperação dessas memórias estão aos poucos nos ajudando a compor o mosaico do fenômeno. As profundas informações dos abduzidos, em conexão com uma poderosa fonte de saber, me ajudou a crescer e a expandir minha própria consciência. Nos últimos anos, ainda em Portugal, tive a oportunidade de acompanhar e seguir de perto, com regressões e consultas, as abduzidas Carla Baptista e Clara, cujas experiências me ajudaram a perceber a grande transformação de consciência ocorrida em ambas, inclusive no nível físico. Elas agora percebem e recebem orientações e ensinamentos diretamente dos seres, que se apresentam como mestres.
Em seu segundo livro, O Rio Subterrâneo, você aprofunda suas investigações sobre áreas paralelas à Ufologia, como a paranormalidade. Até que ponto sua experiência com a parapsicologia lhe ajudou a melhor compreender o Fenômeno UFO?
A Ufologia envolve fenômenos paranormais e aberturas para áreas espirituais. Para podermos compreender isso em conjunto, e não apenas as partes visíveis deles, temos que nos aprofundar nessas áreas. Tive a felicidade de ter nascido numa cultura que já tem mais facilidade para compreender estas coisas. Além disso, como relato nesse livro, fui levada a muitos lugares e muitas tradições antigas me foram ensinadas para eu poder ter essa visão mais alargada da realidade. Nos Estados Unidos convivi com cientistas da área de psiquiatria que, para poderem interagir com casos ufológicos, tiveram de se aproximar de estudos de xamanismo. Recordo-me que num congresso promovido pela doutora Rima Laibow, um general norte-americano, Albert Stubblebine, antigo chefe do Comando de Inteligência e Segurança das Forças Armadas dos EUA, deu uma palestra em que declarou que o Exército tinha exigido que ele e todo seu batalhão aprendessem técnicas heterodoxas, como saída do corpo, telepatia, visão remota etc. Stubblebine disse ainda que quem quisesse se aproximar dos UFOs não deveria tentar sem antes ser treinado nestas áreas.
Em sua opinião, até que ponto estamos diante de um projeto deliberado de intervenção extraterrestre na evolução espiritual da humanidade?
Creio que existe um plano maior por trás do Fenômeno UFO, com a finalidade de ajudar a humanidade a atingir uma consciência mais expandida nesse período de transição, o que pode ser proporcionado com convívio com outras espécies do universo. Vivemos até agora isolados de outras raças, espécies e civilizações. Provavelmente, há um plano orquestrado por uma fonte por nós desconhecida, mas que está impulsionando nossa evolução.
Existiria também alguma interferência alienígena nos aspectos genéticos de nossa evolução?
No caso específico dos abduzidos e contatados, há um estímulo detectável, uma genética especial de miscigenações anteriores. Pelo menos, isso é o que nos é relatado por eles. Também sabemos que o fenômeno é familiar, ou seja, ocorre dentro de linhagens familiares e, portanto, com conotação genética. Haveria, assim, interferência também nestes aspectos, e talvez, como muitos abduzidos descrevem, correção de erros cometidos no passado da nossa criação, com a necessária mudança em nosso DNA. Para sabermos que isso está realmente ocorrendo, temos que pesquisar geneticamente os abduzidos e principalmente os filhos deles. Porém, para haver estímulos especiais capazes de transformar um ser humano em alguém mais evoluído foi necessário estimular sua Kundalini, e, para isso, a pessoa já precisa ter uma genética especial. Os indianos que lidam com tais energias sabem desta importância. Voltando para características mais físicas e biológicas, como nos mostra a série Taken [2002], de Steven Spielberg, foram necessárias várias gerações para se criar o protótipo perfeito ou uma nova raça, como já é descrita em muitas escolas filosóficas antigas. Para evoluirmos ainda mais, necessitamos também de corpos com uma estrutura mais apropriada e sutilizada, sem tantos problemas como medo, raiva e intolerância. Uma nova consciência, mais desperta, é de paz e amor, e não possui resíduos de agressividades causadas por fobias e inseguranças.
Em que momento você passou a usar a hipnose para identificar abduções? Quando comecei nesta área, não acreditava em hipnose e iniciei minha pesquisa apenas acompanhando, entrevistando e observando contatados e abduzidos. Assisti algumas regressões executadas por outros hipnólogos. Finalmente, participando de congressos de paranormalidade e psicologia transpessoal nos Estados Unidos, conheci o doutor David Cheek, um dos fundadores da Sociedade Americana de Hipnose Clínica, que me incentivou a fazer treinamento na área. Agradeço esta oportunidade, pois foi a partir daí que pude me aproximar do fenômeno das abduções com um olhar mais pessoal e diferente. A prática da hipnose organizou cientificamente estudos e conhecimentos que eu já tinha adquirido antes.
E como diferenciar uma abdução real de uma imaginada, uma fantasia?
A abdução tem um registro diferente das outras memórias, um padrão e alguns detalhes que a fantasia não tem. Um fato, tendo sido realmente vivido, não significa que foi real. É um fato real para quem o viveu, mas não necessariamente é uma realidade. As conseqüências e os desdobramentos dele é que vão nos dar a certeza ou não do ocorrido. Além disso, é geralmente necessária mais de uma sessão de regressão hipnótica para afirmarmos que houve realmente uma abdução alienígena. Rememorar apenas um episódio nos fornece pistas, não certezas. A lembrança da abdução, segundo o doutor David Jacobs, consultor da Revista UFO e autor de A Ameaça [Rosa dos Tempos, 1999] e Vida Secreta [Rosa dos Tempos, 2002], se encontra armazenada nos registros de memórias antigas e não nas recentes, por isso a dificuldade de acesso a elas. Para mim, tais memórias estariam gravadas em um registro diferente das outras, talvez numa “freqüência” mais alta, como a minha pesquisa com mapeamento cerebral indica, dando um indício a mais disso. Estas memórias estariam separadas da fantasia e menos contaminadas. O doutor John Mack também dizia que estavam “armazenadas” como em um CD de dados, separado das outras, o que também requer mais pesquisa para sua total compreensão.
Dentro dos casos estudados por você, quantas e quais espécies de seres foram identificadas?
Como já expliquei em algumas palestras, a tipologia dos seres envolvidos em abduções é diferente da classificação ufológica mundial, presente na literatura. Como se trata de um fenômeno em que está presente o que chamamos de screen memory, ou memória de fachada, só com a continuação de um tratamento com hipnose poderemos chegar mais próximos da aparência dos seres em cada caso. Devido a isso, eu reduziria a poucos tipos de seres, com algumas variações entre eles. Teríamos, assim, os típicos grays baixinhos, as entidades magras e altas com mais ou menos dois metros, os seres de aspectos reptilianos e os rugosos, com três ou 4 dedos, tipo garras, criaturas que lembram um louva-a-deus e formigões. Há também os tipos humanos, variando na cor da pele, com ou sem cabelo e, às vezes, com pedras encravadas na testa, com olhos oblíquos etc. Estes últimos geralmente são mais altos e muitas vezes são encontrados junto com os reptilianos ou grays. Mas temos que levar em conta que estamos lidando com seres que mudam de aparência com facilidade, podendo se transformar de um réptil a um mestre. Os najas, descritos na tradição tibetana, possuem a aparência de répteis, mas têm sabedoria e podem mudar de forma com facilidade. Se estamos lidando com a realidade ou com projeções holográficas e mentais, não sabemos.
Quais foram as transformações percebidas em seus pacientes após a descoberta desta nova realidade?
De maneira geral, eles ultrapassaram uma parte do pânico. Mas, às vezes, é necessária mais de uma sessão para que isso ocorra. O paciente ou abduzido toma consciência do que atravessou e começa um processo de reorganização da sua personalidade, primeiro passando pelo afloramento de situações emocionais não resolvidas, até chegar a “morte” da personalidade antiga, dando nascimento a uma mais organizada. Esse processo está melhor descrito no meu livro Transformadores de Consciência. Não é algo fácil, porque envolve um aprendizado, envolve lidar com todo conteúdo reprimido e o direcionamento do excesso da energia existente. O importante é que, no final, leva a uma transformação da visão de mundo com a expansão da consciência, o renascimento e mudanças de valores, de integração, sabedoria e paz, além da produtividade e rapidez mental.
Quanto às abduções detectadas através das hipnoses, a maior incidência delas está entre homens ou mulheres? Você avalia com que intenção ocorreram?
Quando fiz um primeiro levantamento dos principais casos brasileiros de abdução, a incidência em homens era maior do que em mulheres. Mas dentro do universo da minha pesquisa tenho mais mulheres do que homens abduzidos. Entretanto, em escala mundial, não há esta característica. Já houve tentativas, por parte de vários investigadores, de classificar as abduções alienígenas em grupos, mas isso não foi possível porque elas ocorrem em todos os níveis e segmentos sociais, sem diferenças entre homens e mulheres. Segundo o ufólogo Budd Hopkins, igualmente consultor da Revista UFO e autor de Intrusos [Editora Record, 1993], sobre o qual foi produzido o filme Intruders [1992], a abdução teria o propósito de criação de seres híbridos – Jacobs também pensa assim. Na minha pesquisa, também constatei que há quase sempre a coleta de óvulos e espermas dos abduzidos. E há muitos relatos de retirada de fetos entre três e 4 meses de gestação, que são colocados em tubos com um líquido nutriente em UFOs chamados de “naves-maternidade”. Segundo Jacobs, geralmente só as mulheres são levadas posteriormente para verem os fetos, e em minha pesquisa também verifiquei esta particularidade [Veja detalhes no DVD Abduções, código DVD-013 da coleção Videoteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: www.ufo.com.br].
A finalidade das abduções são sempre as mesmas ou há diversidade de objetivos?
Pelo que ficou definido na já citada Conferência de Estudos de Abdução, as experiências seguem um padrão. Durante todos esses anos dedicados ao assunto, tendo realizado um grande número de regressões hipnóticas em pessoas que viveram o fenômeno, sei que o padrão existe, é repetitivo e segue uma seqüência de passos sempre iguais. As variações ocorrem no processo pela intencionalidade dos seres e sua ligação com aquela pessoa. Há sempre uma finalidade, e apesar do padrão ser recorrente, ele é individualizado. O cenário da abdução alienígena vai ser criado segundo esta intenção e particularidade.
Existe alguma postura padrão na conduta dos seres abdutores nos casos que você estudou?
Não sei se os seres são ETs, dentro do que convencionamos entender, isto é, extraterrestres. Ninguém até hoje descobriu quem orquestra o fenômeno das abduções alienígenas. Mas sabemos que são “extras”, ou seja, externos, excepcionais à nossa cultura, e temos uma imensa variedade de formas e mensagens. O que eles são de fato, até que se apresentem objetivamente, será deduzido a partir de crenças internas de cada um. Sabemos, todavia, que possuem uma tecnologia e um conhecimento capazes de causar influência mental superior em nossa espécie, interferindo em nossos conhecimentos científicos atuais. Quanto ao padrão, só posso falar do que ocorre nos contatos e abduções, e não nas muitas crenças e fantasias individuais divulgadas como realidade. O padrão da abdução é bastante conhecido e está definido da seguinte forma pelo PEER: “A experiência da abdução envolve o relato de um contato com seres tecnologicamente avançados e não humanos. A pessoa é levada para um lugar não familiar, um espaço fechado, geralmente contra sua vontade. Ela é sujeita a procedimentos do tipo médico e a sua emoção tem que ser apropriada para essa experiência”. A conduta dos seres ainda é bem pouco conhecida, apesar dos inúmeros relatos. Um exemplo é o fato que vivi com aquelas pessoas na Amazônia. Raimundo Picanço o recorda como uma experiência traumática, e eu e o doutor John Mack, que vivenciamos o mesmo fenômeno, o lembramos como experiências não só agradáveis, mas até com sensações de êxtase.
É possível ocorrer abdução fora do corpo, ou, como dizem os estudiosos, durante projeções astrais? E que critérios existem para definir quando o contato ocorrido é físico ou se deu nesta dimensão?
Dentro da própria definição da abdução, ela não poderia ocorrer no plano astral, pois tem que incluir o corpo físico. O que acontece é que nem sempre o abduzido é levado com esse corpo, o que pode ocorrer posteriormente. Muitas vezes, é encaminhado para instruções e vai, ao que me parece, com algum outro corpo, mas não creio ser o astral. Há muitos relatos de contatos no dito plano astral e mesmo através dos chamados “portais dimensionais”. Geralmente, quando acontecem saídas espontâneas do corpo, são contatos conscientes. Já a abdução é inconsciente, contra a vontade. Entretanto, como ela se passa em dois níveis de realidade, é provável que possa também ser detectada usando-se só um dos níveis, isto é, o não visível. Só não me parece que ele seja o que conhecemos como astral, mas necessitaríamos de um estudo mais profundo desse aspecto do fenômeno para definirmos ao certo.
Através do estudo das abduções, qual é sua visão pessoal sobre o futuro do planeta?
Apesar de todos os problemas que nosso mundo vem atravessando, tenho uma visão positiva do futuro. Creio que o nascimento de muitas crianças especiais, ditos “filhos das estrelas”, “índigo”, “cristal” e “arco-íris”, ou a nomenclatura que se queira dar, representa a possibilidade de um futuro melhor para nossa espécie. O meio acadêmico e educadores já perceberam que é preciso haver mudanças nos métodos escolares, pois essas crianças exigem modificações e adaptações. Para que nascer tanta gente assim se o planeta está fadado a desaparecer num apocalipse, como alegam alguns estudiosos? Essas crianças estão vindo ensinar a humanidade a ser mais clara e direta com seus sentimentos e emoções. Um ser com a consciência expandida tem dificuldade de lidar com injustiças e agressões. Ainda quanto ao estudo das abduções, creio que temos de nos concentrar agora nos filhos dos abduzidos, pois talvez neles encontremos híbridos que possam nos abrir os olhos com relação à pesquisa.
Você acredita no progressivo reconhecimento do Fenômeno UFO em escala global?
Além do reconhecimento científico e governamental das abduções alienígenas, o estudo do seu impacto social e as conseqüências de um possível convívio com outras espécies nos leva a perceber que alguma coisa séria está acontecendo, e temos que mudar nossa atitude com relação a isso. Já vimos que a abdução leva a uma expansão da consciência. Portanto, já nos foram ensinados todos os ingredientes de como podemos nos tornar cidadãos cósmicos, a escolha é nossa.
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Este texto é propriedade da Revista UFO e todos os direitos de publicação estão reservados. É proibida a reproduçao deste conteúdo através de qualquer meio sem a expressa autorização do editor.
Transformadores de Consciência
Autor: Gilda Moura
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PROGRAMA VIDA INTELIGENTE
com Eustáquio Patounas
Quintas-Feiras, 8 às 9 da noite, AO VIVO
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